segunda-feira, 9 de julho de 2012

Bóson de Higgs: substituto de Deus


No século XVII, quando Galileu Galilei informou a Humanidade que a proposta de Copérnico era coerente com as observações, e portanto o mundo não era o centro do Universo, a igreja colocou a sociedade contra ele, e a sociedade o condenou.
Dois séculos depois, quando Charles Darwin apresentou a Origem das Espécies, os cientistas já não eram mais queimados pela igreja, mas o preconceito religioso continuava intenso ao ponto de uma opinião irreligiosa ser considerada um crime. O próprio Darwin, por conta da divergência entre a opinião religiosa e as implicações de suas observações, se martirizou durante décadas. Foi com um imenso remorso, e contra as súplicas de sua esposa, que ele finalmente publicou suas descobertas.
Na primeira metade do século XX, com o advento da Teoria Quântica e da Relatividade Geral, a visão humana do Universo sofreu uma revolução inesperada. As idéias de Einstein se comprovaram experimentalmente e o Modelo Newtoniano deixou de ser Verdade.
Baseado na Relatividade Geral e no princípio cosmológico, Georges Lemaître propôs a idéia do “átomo primordial”, que evoluiu para o que hoje denominamos Big Bang.
O Big Bang é a atual proposta científica para o início do Universo. Ela converge com as Teorias da Física Moderna e com as observações experimentais realizadas em todo o Mundo, ou melhor, em todo o Universo.
Por mérito dos cientistas, ao longo da história a religião perdeu espaço para a Ciência, se Lemaître, que era padre, tivesse vivido alguns séculos antes, teria sido queimado por ter proposto uma idéia que retirava das mãos de Deus a criação do Universo.
O Modelo Científico para o Big Bang evoluiu em convergências com a Ciência Moderna de tal forma que podemos descrever quase tudo que ocorreu desde o instante inicial até agora. E com os dados experimentais apresentados pelo CERN estamos diante da possibilidade de retirar o termo “quase” da frase anterior.
Nos instantes iniciais do Universo, segundo nosso modelo padrão, as Leis Físicas como são conhecidas hoje, não existiam. No início a densidade de energia era grande demais e isso impossibilitava a existência de matéria (partículas).
Para entender a condensação da energia em forma de matéria, Peter Higgs propôs, em 1964, a existência de um campo denominado campo de Higgs. Tal campo seria responsável pela desaceleração, e conseqüentemente condensação da energia, formando assim o que conhecemos como matéria. A idéia de Higgs previa a origem de uma partícula inicial, denominada Bóson de Higgs, que seria responsável pela criação de todas as partículas que formam o Universo conhecido. Daí a ironia no apelido “Partícula de Deus”.  
Em 4 de julho desse ano o CERN divulgou em nota oficial, a descoberta de uma partícula com características do Bóson de Higgs, a conclusão com a confirmação ou não da existência da partícula, está prevista ainda para o mês de julho.
Os religiosos ainda não descobriram o significado que terá a descoberta do físico, mas muita conversa ainda está por vir, ainda bem que a gente não deixa mais eles queimarem as pessoas. Sorte do Peter.  

6 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Parabéns Felipe, você conseguiu, com didática inigualável, descrever com propriedade o que muita gente ainda não compreendeu.

Felipe Bremenkamp disse...

Obrigado Bruno,mas é que pra você é mais facil de explicar do que pros outros.

hehe

Felipe Bremenkamp disse...

É importante ressaltar, embora não seja o tema central do texto, que não foi a igreja que passou por uma epifania, fomos nós que a obrigamos a diminuir e, sobretudo, disfarçar seus malefícios.
Estado laico é: Legislativo laico, Executivo laico e Judiciário laico. Conseqüências de atos de pessoas como eu e você. Pessoas laicas.

Felipe Bremenkamp disse...

É o texto que muitos professores, como eu, gostariam de produzir. Quase que interativo, ou seja, dá vontade de clicar na tela.

pps

muybranco disse...

desculpe, comentei no login do Bremen.
pps, é o clonedemimmesmo

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